Desde que Adão pecou, transgredindo as ordens de Deus, todos os seus descendentes incorreram na pena da morte corporal. A nossa alma, porém, continua a viver; volta para Deus, se se encontra em estado de graça; se, pelo contrário, está em pecado, este mesmo pecado a afasta de Deus e arrasta para o eterno suplício.
E, quando chegar o dia da ressurreição geral, todos ressuscitaremos, para nos unirmos de novo à nossa própria alma e irmos participar do mesmo destino eterno que, juntamente com o corpo, ela mereceu: ou felizes eternamente com Deus, ou infelizes no eterno suplício. Assim no-lo deu a conhecer Jesus, falando da obra que o Pai Lhe confiara fazer como Filho do Homem: «Não vos admireis com isto, porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a Sua voz (a voz do Filho do Homem); os que tiverem praticado boas obras sairão ressuscitados para a vida, e os que tiverem praticado o mal, hão-de ressuscitar para a condenação» (Jo 5,28-29).
Sendo assim, aquilo que nos importa acima de tudo é conseguir uma vida eterna que seja feliz, porque, enquanto a vida terrena é transitória, aquela não tem mudança nem fim. E como fazer? Vede estas palavras do Apóstolo S. Paulo: «O primeiro homem, tirado da terra, é terreno; o segundo (o autor pensa no Filho de Deus que encarnou e Se fez homem) veio do Céu. Qual foi o homem terreno, tais são também os homens terrenos; qual é o homem celestial, tais serão os homens celestiais. E, assim como reproduzimos em nós a imagem do terreno, procuremos reproduzir também a imagem do celestial» (1 Cor 15,47-49). Esta imagem celestial, de que nos fala o Apóstolo e que devemos procurar reproduzir em nós, é Jesus Cristo; reproduzi-Lo em nós pela fé e pela caridade, para que, no dia da nossa partida para a eternidade, o Pai encontre em nós os traços da fisionomia de Cristo e nos receba como filhos no Seu Reino; e para que, na ressurreição da carne, o nosso corpo participe da felicidade do espírito.
Pouco depois, na mesma Carta, e a propósito do dia último da humanidade, S. Paulo diz: «Vou revelar-vos um mistério: Nem todos morreremos, mas todos seremos transformados. Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta, pois ela há-de soar, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados» (1 Cor 15,51-52).
Ora precisamos de conseguir que esta transformação se opere em nós, na direcção da graça de Deus que misericordiosamente nos há-de ser concedida em atenção ao esforço da nossa humilde fidelidade, e não no sentido da desgraça do pecado em que tivermos incorrido. Não pensemos que tudo isto é uma utopia; é realidade comprovada. E, se a incredulidade nos levar a tal erro, estamos perdidos. A verdade não deixa de existir só porque os incrédulos a negam! O que era verdade ontem, é-o hoje e há-de ser amanhã, porque «Jesus Cristo é sempre o mesmo, ontem e hoje e por toda a eternidade» (Heb 13,8).
Tudo isto nos mostra a grande necessidade que temos de fazer oração, de nos aproximarmos de Deus pela oração. É pela oração que se obtém o perdão dos próprios pecados, a força e a graça para resistir às tentações do mundo, do Demónio e da carne. Somos muito fracos; sem essa força, não conseguiremos vencer. Por isso, Jesus recomendou aos Seus Apóstolos: «Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca» (Mt 26,41).
É pelo mesmo motivo que a Mensagem nos renova esta recomendação do Senhor: «Orai, orai muito!». Este apelo é a repetição da chamada à oração que tantas vezes nos foi dirigida por Deus e que Jesus Cristo deixou aos Seus Apóstolos e a nós também, nos últimos momentos da Sua vida terrena: «Vigiai e orai».