Em várias passagens do texto sagrado, encontramos Jesus Cristo que nos dá o exemplo e recomenda a oração; e não só no-la recomenda, mas ensinou-nos a orar, como, por exemplo, nesta página de S. Lucas: «Sucedeu que, estando Ele algures a orar, disse-Lhe, quando acabou, um dos Seus discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar, como João também ensinou os seus discípulos”. Disse-lhes Ele: “Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino…”» (Lc 11,1-2). E foi assim que dos Seus lábios aprendemos o Pai-Nosso, a mais bela das nossas orações que dirigimos a Deus e na qual Jesus Cristo nos ensina a dar a Deus o doce nome de Pai.
Este nome revela-nos o mistério da paternidade divina e confirma-nos na verdade de que todos somos filhos do mesmo Deus; esta verdade, confirmada por Jesus Cristo, de que Deus é nosso Pai, enche-nos de confiança e fortifica-nos no amor, porque quem jamais nos amou como Deus? Por isso, a nossa oração deve ser o encontro do amor do filho que vai fundir-se no coração do Pai, e é o amor de Pai que Se inclina para o filho, escuta as palavras do filho, ouve os seus rogos, os seus louvores, os seus agradecimentos, e atende os seus pedidos.
Há muitas maneiras de fazer oração, ou de nos encontrarmos com Deus na oração. Qual é a melhor? A melhor para cada pessoa é aquela que mais a ajuda a encontrar Deus e a manter-se em contacto íntimo com Ele, coração a coração, palpitando de amor pelo Pai com o Coração de Jesus Cristo, assumindo os mesmos anelos e sentimentos de Jesus Cristo, tornando-nos um com Cristo, como Ele o desejou e pediu ao Pai: «Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão-de crer em Mim (…); como Tu, ó Pai, está em Mim e eu em Ti, que também eles estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste» (Jo 17,20-21).
Por esta sublime oração de Cristo, vemos quais são os planos de Deus a nosso respeito: sermos um com Ele pela nossa união com Cristo: «Como Tu, ó Pai, estás em Mim e eu em Ti, que também eles estejam em Nós». Mas, esta união com Deus não se pode conseguir senão por meio da oração; é aí que nos encontramos com Deus, e é nesse encontro que Ele nos comunica a Sua graça, os Seus dons, o Seu amor e o Seu perdão.
Vemos que Jesus Cristo, na Sua oração, rogou também por nós: «Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão-de crer em Mim». E nós temos a felicidade de ser do número daqueles que, pela palavra dos Apóstolos que nos foi transmitida pelos seus sucessores, acreditam no Senhor, pelo que Cristo também rogou ao Pai por nós. Sinto-me tão feliz quando penso que Ele me tinha presente no momento em que dirigiu ao Pai esta oração: que pensou em mim e me apresentou ao Pai como filha do Seu amor!
Pensou em mim, pensou em vós, pensou na multidão inumerável dos Seus irmãos. E a nossa oração, para ser animada dos mesmos anelos e sentimentos de Jesus Cristo, deve unir-se à Sua oração por todos aqueles que n’Ele hão-de acreditar e salvar-se pelos Seus méritos.