Sexto Apelo da Mensagem de Fátima
Apelo à Oração – Parte IV

Set 13, 2024 | Notícias

Voltando às maneiras de rezar… A nossa oração pode ser predominantemente «vocal» isto é, dirigida a Deus com palavras, seja que brotem espontâneas do nosso coração, seja usando fórmulas já compostas como são, por exemplo, o Pai-Nosso, a Ave-Maria, o Gloria-Pater, o Credo, e muitas outras que se rezam na Sagrada Liturgia.

Esta é a maneira de orar mais corrente e também a mais acessível ao comum dos fiéis, e goza da recomendação de Jesus Cristo: «Rezai, pois, assim: “Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome, venha a nós o Vosso reino; faça-se a Vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”» (Mt 6,9-13). Esta é a fórmula de oração vocal mais sublime, porque nos foi ensinada pelo próprio Filho de Deus. Devemos, por isso, rezá-la com redobrada devoção, confiança, humildade e amor.

Há, depois, outra forma de oração, que devemos oferecer a Deus, juntamente com a nossa oração vocal: é a «oração do nosso trabalho», do desempenho de todos os nossos deveres de estado, com espírito de humilde submissão a Deus, porque foi Ele quem nos impôs a lei do trabalho. Devemos fazê-lo com amor e com fidelidade para com Deus e para com o próximo; assim, as nossas ocupações de cada dia, na aparência talvez insignificantes, oferecidas a Deus, serão uma oração de louvor, de agradecimento, de penitência e de súplica. Como foi a de Tobite, como lhe declarou o Anjo: «Enquanto oravas, tu e a tua nora Sara, eu apresentava diante do Senhor as vossas orações. Enquanto enterravas os mortos, também estava contigo. Quando, sem lentidão, te levantavas e deixavas de comer, a fim de os sepultar, não deixava de ver a tua boa obra e estava junto de ti» (Tb 12,12-13).

Esta passagem da Sagrada Escritura diz-nos como devemos empregar o tempo que Deus nos quiser dar de vida: uma parte há-de ser dedicada à oração, outra ao desempenho dos deveres do nosso estado e uma terceira destinada ao bem do próximo por amor de Deus. O dia tem vinte e quatro horas; não fazemos nada demais, se reservarmos alguns momentos para nos encontrarmos com Deus.

No desempenho dos nossos deveres, havemos de procurar dar-nos conta da presença de Deus: pensar que Deus e o nosso Anjo da Guarda estão junto de nós e vêem o que fazemos e as intenções com que operamos. Devemos, por isso, santificar o nosso trabalho, o nosso descanso, o nosso alimento, as nossas recriações honestas como se fossem uma permanente oração. Sabendo nós que Deus está presente, basta lembrar-nos d’Ele e de vez em quando dirigir-Lhe alguma palavra: quer seja de amor – Amo-Te, Senhor! –, quer seja de agradecimento – Obrigado, Senhor, por todos os teus benefícios –, quer seja de súplica – Senhor, ajuda-me a ser-Te fiel; perdoa os meus pecados, as minhas ingratidões, as minhas friezas, as minhas incompreensões, os meus deslizes. –, quer seja de louvor – Bendigo-Te, Senhor, pela Tua grandeza, por Tua bondade, pela Tua sabedoria, pelo Teu poder, pela Tua misericórdia, pela Tua justiça, pelo Teu amor. Este trato íntimo e familiar com Deus transforma os nossos trabalhos e as nossas ocupações diárias numa verdadeira e permanente vida de oração, torna-nos mais agradáveis a Deus e atrai sobre nós graças e bênçãos de especial predilecção.

E não podemos dizer que, para uma oração assim, não dispomos de tempo, pois é o próprio tempo que empregamos para os nossos afazeres. Como faz a esposa que trabalha ao lado do seu marido e com ele troca conversa íntima e serena: diz-lhe o grande apreço de todos pela sua acção em favor da família, louva a sua ciência e os seus conhecimentos, encoraja-o nos seus trabalhos, pede-lhe auxílio e conselho, comunica-lhe as suas preocupações e desejos. Como fazem os filhos que tudo tratam com seu pai, tudo lhe comunicam e tudo esperam dele. Como a mãe que está a cuidar de seus filhos e sempre tem alguma coisa para lhes dizer, mesmo que eles, porque pequeninos ou irreflectidos, não possam compreendê-la. A nós, porém, Deus sempre nos compreende, sempre nos ouve, sempre nos vê e sempre nos atende.