Há também a oração mental, que vulgarmente se designa por «meditação». Consiste em pormo-nos diante de Deus a reflectir sobre algum dos mistérios revelados, algum passo da vida do Senhor, algum ponto da doutrina, sobre a Lei de Deus, ou ainda sobre alguma das virtudes que encontramos em Jesus Cristo, em Nossa Senhora ou nos Santos, para nosso exemplo.
Esta oração é muito proveitosa, se a fizermos bem. Para isso, é preciso tratar com Deus do assunto que se medita; olhar para nós mesmos, a fim de ver o que ainda nos falta crescer na virtude correspondente ao tema que estamos a meditar, como, por exemplo, o aumento da fé, da humildade, da caridade ou do espírito de sacrifício, para vencer as nossas repugnâncias e dificuldades, os nossos caprichos e defeitos, as nossas tentações. E tudo isto feito numa conversa íntima com o Senhor: tratar tudo com Ele, certos de que é Ele que nos há-de dar luz, graça e força, para permanecermos fiéis até ao fim e realizarmos o ideal da vida sobrenatural que nos propomos e que Deus quer e espera de nós.
Há depois a oração que habitualmente se designa por «contemplação». Consiste num trato de maior intimidade com Deus; a pessoa compenetra-se mais intensamente da presença de Deus em si mesma e entrega-se mais intimamente à acção da graça, da luz e do amor de Deus nela.
Envolvida por uma atmosfera sobrenatural, a alma deixa-se embeber, elevar e transformar pela acção de Deus, que a purifica e absorve; é absorvida, purificada, transformada e elevada por uma acção divina que ela sente, mas não sabe como. Deus pode certamente conceder esta graça a uma pessoa sem que haja algum esforço da parte dela, mas ordinariamente o Senhor espera que se chegue aqui, percorrendo com fidelidade o caminho da oração vocal e mental; porque é por este caminho que a alma se purifica e desprende das coisas da terra, para se entregar somente a Deus.
São poucas, muito poucas as almas que chegam aqui, porque são poucas, muito poucas as que se desprendem totalmente do materialismo da vida, das ambições nascidas do amor próprio, da cobiça, do orgulho e das honrarias. E, se bem que estas coisas possam não chegar a ser pecado, todavia prendem a alma ao pó da terra e impedem-na de se elevar até às regiões mais altas do sobrenatural.
Assim, não chegarão nunca a saborear as íntimas delícias do amor divino, porque Deus só as consegue comunicar à alma, quando a encontra ansiosa de receber as Suas graças, disponível para ouvir a Sua voz e seguir os Seus caminhos. Não existe nada na terra que se possa comparar com a felicidade que experimenta a pessoa nesta íntima união com Deus. Infelizmente não sabemos apreciar esses dons, estimar essa riqueza nem sabemos viver essa dádiva. Também para isto, é preciso que o Senhor nos conceda uma graça especial, que nós não merecemos, mas que Ele nos concede por misericórdia e pelo grande amor que nos tem.
Concluindo, a oração é necessária a todos, e todos nós devemos fazer oração, seja vocal, seja mental, seja de contemplação.