Jesus Cristo, para além de nos recomendar a oração, deixou-nos grandes exemplos de vida de oração. Assim Ele – narra-nos o Evangelho de S. Lucas –, para provar a necessidade que todos temos de orar sempre, e sem desfalecimento, contou a parábola do juiz iníquo. Logo a seguir, temos a parábola do fariseu e do publicano no templo: enquanto o fariseu se orgulhava das suas boas obras, o publicano fazia humildemente a sua oração, pedindo a Deus perdão: «“Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador”. Eu vos digo: Este voltou justificado para a sua casa, e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado» (Lc 18,13-14). Porque todos somos pecadores, todos temos necessidade de orar com humildade e perseverança.
Nisto mesmo, o divino Salvador nos deu exemplo, porque tomou sobre Si os nossos pecados e quis fazer oração por nós. Foi assim que, antes de iniciar a Sua vida pública, passou quarenta dias e quarenta noites, no deserto, a orar e a jejuar para fazer penitência por nós. Quis Ele deste modo não só dar-nos o exemplo, mas também oferecer ao Pai uma reparação condigna pelos nossos pecados e tornar frutuoso o Seu apostolado, preparando-Se para o mesmo com a força da oração e da penitência.
A Sagrada Escritura diz que Jesus Cristo ia, com frequência, ao templo e às sinagogas tomar parte na oração colectiva do povo de Deus. Numa destas ocasiões, ao ver os vendilhões no templo de Jerusalém, ficou indignado por causa da profanação e expulsou-os de lá para fora, dizendo: «Está escrito: “A minha casa há-de chamar-se casa de oração”, mas vós fazeis dela um covil de ladrões» (Mt 21,13). Por certo, o que se diz aqui do templo de Jerusalém vale igualmente para os nossos templos, que são consagrados a Deus, para serem casa de oração. Os santuários, as igrejas e as capelas das paróquias, dos Seminários, das Casa Religiosas devem ser casas de oração, onde o povo de Deus se reúne à volta de Cristo, para, em união com Cristo, dirigir ao Pai os seus louvores, agradecimentos e súplicas; para, em união com Cristo, oferecer ao Pai os seus trabalhos e sofrimentos, a sua cruz de cada dia e o seu holocausto pela salvação dos seus irmãos.
Os nossos templos devem ser respeitados, porque são casas de Deus. Cristo, Deus e Homem verdadeiro, está lá presente, no sacrário, à disposição do Seu povo, para Se encontrar com ele, dialogar com ele, ajudá-lo, alimentá-lo: «Eu sou o Pão da Vida (…) Se alguém comer deste pão, viverá eternamente» (Jo 6,48.51).
As igrejas são a casa do nosso Pai do Céu. Tal como os filhos se juntam à volta do pai para escutar as suas palavras, ouvir os seus ensinamentos e seguir as suas directrizes, assim se reúne o Povo de Deus na casa do seu Pai, à volta de Cristo, para escutar a Sua palavra, expor-Lhe as suas necessidades, receber os Seus favores e cantar-Lhe os seus louvores.
Estou a falar-vos da oração colectiva, na qual todos devemos tomar parte. Vamos à igreja para orar, para juntar em coro a nossa oração à dos nossos irmãos: e assim sucede quando lá nos reunimos para a celebração da Eucaristia, para a adoração do Santíssimo, para a reza do Terço e para outras devoções comunitárias.
Há depois a oração particular de cada um, que não devemos descuidar. Todos os filhos têm momentos em que procuram encontrar-se a sós com seu pai, para em particular lhe exporem os seus problemas, pedirem-lhe os seus conselhos e auxílio. Ora Deus é o nosso verdadeiro Pai; devemos, por isso, procurar encontrar-nos com Ele a sós, para Lhe dirigirmos as nossas súplicas, os nossos agradecimentos, os nossos protestos de fidelidade e amor; para Lhe expormos as nossas dificuldades, recebermos o Seu auxílio, os Seus conselhos, a Sua luz, graça e conforto.
É nesta oração, vivida em diálogo íntimo com Cristo, que devemos preparar-nos para o desempenho da missão que Deus nos quiser confiar, porque é neste encontro que Deus nos comunica a luz, a força e a graça, com os dons do Espírito Santo. Só assim poderemos ser apóstolos junto dos nossos irmãos e transmissores da palavra de Cristo.